quarta-feira, 1 de julho de 2009

CAPÍTULO 4
COMENTEM

Logo que cheguei à escola, na segunda-feira, lembrei do maldito trabalho, porque no meio da primeira aula, recebi um bilhete do Lucas que dizia: “Nós vamos ter que marcar de fazer esse trabalho. O que você acha de ir até a minha casa quarta-feira?”. Tudo bem que é por causa do trabalho, mas vê-lo me chamando para ir à casa dele é completamente estranho. Há três ou quatro dias, a gente nem se falava e agora eu já fiquei presa com ele em um elevador, já usei seu casaco e até joguei videogame com o dito cujo. Maldita seja essa professora que inventou esse trabalho! Eu juro, se não precisasse de pontos em Literatura, eu não o faria. Escrevi no papelzinho que iria para lá às 15:00 horas. Depois ele virou para trás e sorriu. Mateus olhava a cena sem acreditar no que estava vendo.

-Você e o Lucas passando bilhetinhos? Ele sorrindo pra você? –foram as primeiras perguntas que fez quando o sinal bateu.

-Mateus, ele estava falando do trabalho. Não imagine coisas. Afinal, o que você vai fazer hoje? –mudei de assunto, antes que ele começasse a falar mais besteiras.

-Ia perguntar isso a você. Preciso da sua ajuda, Lia. Pode ir comigo no shopping agora? –perguntou tão baixo que precisei ler seus lábios.

-Posso. –respondi, desconfiada. –Só tenho que avisar em casa.

-E não conta pra Drica. Por favor. –pediu, ao ver que ela estava se aproximando.

-Vamos embora?

-Não vai dar pra gente ir agora, Dri. –falou ele, rapidamente.

-Ué, por que não?

-Prometi que ia explicar umas coisas pra Lia agora, porque vou sair mais tarde. Eu ligo, Drica. –acrescentou rapidamente, antes que ela pedisse pra ficar.

Ela apenas ficou nos olhando, saiu da sala meio cabisbaixa e soltou um “tá”, desanimada.

-Acho que ela não ficou muito feliz. Qual é o segredo?

-Eu fiz um quadro, desenhei o rosto dela. Vou mandar emoldurar. –confessou, corando e colocando o cabelo atrás da orelha. A Drica era uma menina bonita, seus cabelos ondulados eram tão loiros que pareciam brancos e sua franja batia um pouco acima dos olhos. Ela tinha um rosto redondinho e parecia um bebê.

-Ela vai gostar. –falei, sorrindo. –Mateus, suas espinhas estão sumindo.

-É... Tô fazendo um tratamento.

-Eu nem consegui perceber, você não tira esse cabelo do rosto. Mas olhe, não tem quase nada. –reparei, segurando seu cabelo.

O Teus e a Drica tinham alguma coisa. Eles sempre ficavam se olhando, e ambos coravam quando falavam um no outro. Era engraçado. O aniversário dela seria na sexta-feira. E eu não tinha pensado em nada para dar de presente a ela. Quando Mateus me mostrou o quadro, eu fiquei atônita. Era simplesmente perfeito. Parecia até foto. Não tinha dúvida nenhuma de que a menina ia adorar.

Entrei em casa e meu irmão estava com um amigo jogando videogame na sala.

-Oi, Vini. –cumprimentei.

-Oi, Lia. Esse é o Daniel, ele é da faculdade. –informou, apresentando-me um garoto bonito de cabelos cor de fogo, jogados um pouco acima dos olhos. Ele tinha os olhos esverdeados, um rosto fino e um corpo bastante definido. Trajava uma blusa preta e mesmo assim era possível visualizar seus músculos. Daniel sorriu e eu apertei sua mão. Seu sorriso era divertido. Nessa hora, lembrei-me do sorriso de Lucas.

-Vou tomar um banho. –declarei, indo para o meu quarto.

Entrei, tranquei a porta, abri a torneira e me despi. Quando entrei no banho, senti a água quente caindo em meu rosto. Aquele box era o único lugar onde nenhum problema parecia conseguir entrar. Eu me desligava do mundo e conseguia relaxar.

Um tempo depois, fiquei uns dez minutos revirando o armário à procura da blusa que eu mais gostava. Ela era preta, tinha um decote um pouco maior que o normal, prendia as alças na nuca e deixava meus ombros aparecendo. Tá, eu sei que estava me arrumando demais para poder ficar em casa. Mas confesso que estava a fim de ficar com o Daniel. Ele era realmente bonito e alguma coisa me atraía. Eu não fico atrás de garotos, realmente acho que não vale a pena, mas sou mulher, gosto de homens e de beijar na boca. Eu só não acredito nessas babaquices de “eu te amo e vou ficar o resto da minha vida junto a você”. Coloquei uma calça jeans, minhas botas e me maquiei.

Quando terminei de me arrumar, fui até a sala e sentei perto deles. Tenho que admitir, ele ficou me olhando com um sorriso no canto dos lábios. Não estou me achando nem nada, mas foi isso que aconteceu.

-Que é isso hem, irmã?-brincou Vini. -Olha, eu vou tomar um banho pra gente comer alguma coisa. A mamãe falou que ia chegar tarde, hoje.

Minha mãe é advogada, então ela sempre fica presa no trabalho até mais tarde com os clientes se queixando e enchendo o saco dela. Sinceramente, eu não sei como ela agüenta, eu já os teria mandado para um lugar bem feio.

-Vou fazer uns sanduíches. –falei, indo até a cozinha.

-Eu a ajudo. –ofereceu Daniel, ao ver que ficaria sozinho na sala.

Eu peguei os pães, as facas, manteiga, presunto, queijo e leite condensado. Coloquei tudo na bancada. Ele sentou a minha frente e começou a cortar o pão.

-Você tem quantos anos, Lia? –perguntou me olhando.

-Dezesseis e você? –respondi, voltando minha atenção para o pão.

-Tenho dezoito. Nossa, você parece ter a mesma idade que eu.

-Devo aceitar isso como um elogio? –eu estava passando manteiga no pão.

-Sim. –respondeu, sorrindo.

-Você deve ser bem inteligente, Dezoito anos, cursando Faculdade de Engenharia. –comentei, jogando o presunto em cima do pão.

-Eu estou adiantado um ano e nunca repeti. Passei direto no vestibular. –explicou modestamente. –O que você está fazendo? –indagou ao ver o leite condensado sendo jogado sobre o pão.

-É bom. Experimente.

-Eu não... Essa coisa deve ser...

Eu peguei a lata e virei no pão dele, fazendo-o soltar um suspiro de desgosto.

-Sério, é bom! Prova? –pedi sorrindo.

-Tá, mas se for ruim...

-Se for ruim o quê? –quis saber, levantando a sobrancelha.

-Você gosta de comida japonesa? –perguntou, deixando-me completamente confusa.

-Não, eu odeio. Mas o que isso tem a ver?

-Bem, se eu não gostar, amanhã você vai comigo a um restaurante japonês e vai comer o que eu quiser. –especulou, abrindo um sorriso descrente de que ia perder.

-Combinado. –concordei.

Ele ia gostar, eu tinha certeza. Todo mundo que eu falava para experimentar, gostava. Por que com ele seria diferente? Mas seria bom se ele não gostasse. Nós iríamos jantar juntos. Ele mordeu o pão, mastigou e fez cara de nojo. Pegou um papel e cuspiu.

-Isso é horrível! Onde tem água?

-Na geladeira, pode pegar. Impossível que você ache tão nojento.

Ele tomou dois copos de água, sentou-se novamente a minha frente e empurrou o prato com seu sanduíche para mim.

-Pode comer. Que horas eu a pego amanhã? Oito horas?–quis saber, com um sorriso vitorioso.

-Olha, não precisamos comer comida japonesa!

-Você perdeu, vai ter que ir comigo.

-Tá, mas eu vou escolher o que eu quiser.

-Não, eu vou escolher. Nós combinamos assim. –cruzei os braços e fiquei emburrada.

-Do que vocês estão falando? –interveio meu irmão. – Pão, com leite condensado... –suspirou. –Eu não como isso há anos. Quer, Daniel?

-Não, obrigado, eu não gosto. –retrucou o ruivo, me olhando e sorrindo.

Nós estávamos conversando, quando o telefone tocou. Era a Drica pedindo para vir dormir aqui. Eu falei que não tinha problema e ela avisou que já estava chegando. Em menos de um minuto, o porteiro avisou que ela estava subindo.

-Você chegou rápido. –comentei ao abrir a porta.

-Eu saí de casa pra não matar aquela mulher! –explicou a menina, com lágrimas nos olhos.

Eu a abracei e apresentei para Daniel. Pedi licença e nós fomos para o meu quarto.

-O que ela te falou?

-Ela ficou falando um monte de coisas, eu gritei, peguei minhas coisas e vim. Não quero falar disso.

-Já falou com seu pai?

-Não... Quem é esse Daniel? –mudou de assunto.

-Um amigo do meu irmão. Nós vamos sair amanhã. –contei baixinho.

-Sério? Ele parece ser legal.

-É... Ele é. Ah, Drica, ontem eu terminei de ler um livro muito bom. Acho que você vai...

-Lia...- chamou sem dar atenção ao que eu estava falando.

-Fale.

-Eu acho que o Mateus gosta de você. –comentou, fitando o chão.

- O quê? –arregalei os olhos.

-Hoje ele quis ficar sozinho com você...E sei lá. –falou tristonha.

-Drica, nós só estudamos! Ciúmes agora?

-Não é isso... Eu só falei por falar. –respondeu com simplicidade.

-Pára de besteira. Tá com fome?

-Tô.

Nós fomos para a sala e os meninos estavam conversando sobre Matemática. Definitivamente, ele era inteligente. Quando foi embora, eu e a Drica entramos na Internet e ficamos vendo alguns vídeos.

-Eu te falei? –perguntou como se eu soubesse sobre o que ela estava falando.

-Como eu vou saber?

-O Lucas, pela primeira vez falou comigo, quando estava indo para a escola.

-Legal... Meu irmão ficou com uma menina idêntica à Catarina. Você sabe se eles terminaram?

-Não, hoje mesmo os vi de mãos dadas, passando pela portaria.



2 comentários:

Unknown disse...

lança logo esse livro, tati! aoiehoaeih

Unknown disse...

caraaaaaaa!
to adorando xD

quero mais xD

by: Lattanzi